Quando um estrangeiro viaja ao Brasil, vai com a ideia de que lá só se ouve Tom Jobim, Gilberto Gil e samba. Depois descobrem o podre da nossa música, como os funks e as suas letras depreciativas. Voltam para seus países com a imagem de que toda música feita no Brasil conta a história de um cara batendo ou paquerando uma mulher, e os faz esquecer os Tons Jobins, Gilbertos Gils, os bons sambas…

É exatamente isso que está acontecendo comigo aqui em Moçambique.

Nos primeiros dias, a marrabenta era linda, encantadora, e ficava ainda melhor quando se conheciam as letras. Meses depois, quando se passa a conhecer as mais populares, elas se tornam horrível, parecem contos pornôs, e estragam a imagem da música moçambicana.

Percebi pela primeira vez esse lado negativo da música moçambicana com o famoso cantor Ziqo. Um amigo passava com o celular tocando no último volume uma música dele: Maboazuda. Como era difícil entender a letra, perguntei ao colega do que se tratava. “Está a falar da mulherada, brazuca!” Conforme ele foi cantando, me veio à cabeça a imagem do funk carioca, onde só se fala de mulher e de como o cantor “é o máximo.”

As músicas angolanas também fazem o maior sucesso por aqui. A mais ouvida pelo jovens é “Txuco-txuco”. Nessa, o português era um pouco mais compreensível, e pude entender o porquê do nome. Recuso-me a explicar.

Infelizmente, essas músicas acabam ofuscando o bom trabalho de outros artistas, que não tratam a mulher com desrespeito, nem a moral das pessoas. Acaba-se tendo a ideia de que em Moçambique só ouve música ruim, exatamente como acontece no Brasil.

Abaixo, a música “Txuco-txuco”, para quem tiver estômago:

Leia mais sobre o impacto negativo da música em Angola, em um artigo de Cláudio Bartolomeu, em Lip Light.

Aqui, um artigo de Carlos Serra, também sobre a música “Maboazuda”.

O Mosanblog falou mais sobre a música de Ziqo, e você pode conferir aqui. Aliás, às quintas-feiras, você pode ouvir as boas músicas moçambicanas e do resto da África no site Mosanblog.